sexta-feira, 14 de abril de 2017

Golpe de vista

Você pensa, realmente, que nunca vai te acontecer. Você vê aquelas pessoas de idade, esticando a mão ao infinito para ler algo, trocando de óculos o tempo todo, estas coisas. Mas eis que, de uma hora para outra, você começa a colecionar óculos de farmácia para ter um sempre à mão em qualquer momento. Eu achava graça da minha irmã Vivian, mas agora entendi. Tenho óculos do lado da privada, na mesa da cozinha, dentro de um livro, de outro livro, dentro do carro, dentro de muitos lugares esquisitos pra onde estes danadinhos vão, assim como que rindo por último, vingando os velhinhos que você bulimizou a vida toda. O fato é que meu celular também está capenga. E o outro fato é que ando muito ocupada ultimamente. Junte-se estes três ingredientes e, tará!, acontecerá o inevitável. Você mandará várias e várias mensagens trocadas para pessoas diversas no seu whatsup. Ah, o whatsup. Perfeito para quem tem muito pra fazer, não é mesmo? Perfeito para quem não está enxergando lá estas coisas. (peloamordedeus aqueles minidesenhos...) Conclusão desta breve história. Num belo dia, às tantas da tarde, você percebe, na listinha de mensagens, que os olhinhos de coração que eram pra sua filhotinha querida foram para... ops! O eletricista Luís! Santo Deus! Misericórdia! O que fazer? Mandar outra mensagem? Explicar que foi engano? Não, não... já passaram muitas horas... vai ainda piorar a situação. E se eu escrever... não, também não. E se... não, pior ainda. Então você deixa pra lá e faz de conta que adorou o serviço, não é? Foi o que eu fiz. E torço para a esposa não xeretar o celular dele e estragar o dia do coitado.

Boa sexta!
E olhos de coração pra você. De verdade.

sexta-feira, 31 de março de 2017

Como assim?

Quemaravilhaqueinventaramtantatecnologiaecoisasquefacilitamnossavidaetudomais.Epodemosficarcomtodososnossosamigos24horaspordiaconversandosobrequalquercoisaecompartilhandovídeosdemuitosminutospiadasoopiniõesreceitasparatirarmanchasquenuncalembraremoseesseturbilhãodebipsesonzinhosemensagensnotelefonecomputadorqueapitamotempointeiro.Aindabemquetemostantapraticidade,hein?Masentão,cáspita!Comoéquenãoconsigomaistemponempraescrevermeuqueridoboasexta?Precisomeorganizar.Pelomenoshojeconseguiissoaqui,economizandootempodosepaços.Esperoquevocênãoseincomode.Dequalquerforma,quemterátempopraler?AchoquenemoDonald.Beijopratodosevamosquevamos,aguardandoapróximaredeeopróximoaplicativoótimoparaeconomizartempo.


Boa sexta!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Aproveito para dar

Continuo arrasando no whatsup. No mau sentido, claro. Outro dia minha filha liga: "Mãe, (rindo), para de postar bobagem no grupo! Tá todo mundo falando..." Como sempre, meu celular estava no mudo e eu não ouvi os milhares de plim de familiares me xingando, me zoando e pedindo pra parar. Eu mandei uma lista interminável de letras soltas e desconexas. No dia seguinte, uma gafe meio pornográfica. No grupo da outra família, minha sobrinha avisa que suas gêmeas receberam alta. Eu logo respondo, de dentro do ônibus: "Que maravilha! Aproveito para dar"). Foi assim mesmo, antes de eu conseguir escrever "os parabéns" porque o ônibus deu alquele solavanco, que me fez apertar o "enviar". Ficou uma situação meio estranha. Que depravada, devem ter pensado. Terminando a lista (por hoje), fecho com mais uma. Comentei durante uma festinha que fiquei com muita pena da minha amiga, que pegou um úber e o carro bateu no muro de uma escola... Daí minha filha disse: "Mãe! Isto é uma piada!" E eu... "Não. É verdade. O cara tava desempregado e foi ser úber. Trabalhava numa funerária..." Minha filha foi me contando tudo igual e aí percebi a mancada. Passei a ser o divertimento da festa. A mensagem diz "Ontem peguei um úber, coloquei a mão no ombro do motorista para avisar o caminho, daí ele levou um susto, bateu no muro de uma escola. Ele pediu desculpas, disse que antes trabalhava dirigindo o carro da funerária." KKKK! Entendeu? Ainda bem, porque a tonta aqui respondeu lá no grupo: "Nossa, Márcia! Ainda bem que não te aconteceu nada."

          

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Banheiro



Se tem uma coisa que adoro, antes de uma viagem, é escolher os hotéis na internet. E eu desenvolvi técnicas, me acho uma esperta nesse assunto. Nestas férias, com a correria de sempre, meu marido foi mais ágil que eu. Acabei dividindo a função com ele... O fato é que a coisa foi feita meio a meio... e meio bagunçada. Hora de embarcar e zupt. Nem conferi a papelada. Num certo momento, numa cidade completamente lotada com jogo da Eurocopa, Festa da Música e o escambau... demos de cara com uma porta fechada. Um calor de 36 graus. Malas, ruelas velhas de paralelepípedos... nós carregando bagagem de lá pra cá, tombando, suando, procurando um outro lugar porque aquele tinha mandado algum email, pedindo sei lá que confirmação que ninguém viu, ninguém sabe etc etc... O detalhe é que minha mala, apelidada carinhosamente de “mochilão”, fica batendo na minha perna. Mas sou sabida e já levo Hirodoid para o roxo.
Nessas, fiquei num ponto, esperando que o Fê encontrasse algum albergue, como no filme “À procura da felicidade”, aquele do Will Smith. De repente, com a cabeça quente de sol (e um certo desespero), vejo meu marido no celular. Era o Booking perguntando se a gente não ia aparecer num OUTRO hotel (porque tínhamos reservado DOIS, minha gente. Coisas assim acontecem conosco! Ahahah).
Passado este episódio, eu lá me vangloriando do meu talento em reservas blablabla.
Corta para a próxima cidade... nós no balcão de recepção e o dono diz: “Sem café da manhã, banheiro compartilhado entre três quartos.” Hein? Como assim?  Três quartos? Banheiro compartilhado? Sem café? Acho que entendi mal. Não. Era exatamente isso que estava escrito na reserva. Quem fez esta reserva? Eu. Gostoso. Você acorda no meio da noite com vontade de fazer xixi e precisa vestir a roupa toda! E rezar pra não ter ninguém lá que veja sua cara amassada, cabelo amassado, tudo amassado, aliás e... bom, nem preciso explicar, né? Isso calou minha boca e acabou de vez com a minha reputação. Mas, graças ao bom Deus, não encontrei uma só pessoa desconhecida no tal do banheiro!

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Corrupção com cartão


Olha que coisa bizarra. Pode perguntar aqui em casa, se achar que inventei esta. O pessoal do DER deve estar rindo até agora. Minha cara de boba lá afixada no mural e o povo tomando cafezinho, rindo, rindo...
Ou não.
Pode estar quase chegando aqui em casa o camburão amarelo pra me prender. Só se fala em corrupção e aí eu é que me estrepo.
Resumindo, curto e grosso. Ia eu ao correio postar a tal da indicação do condutor (de uma multa cometida) para o DER. Lembro até de cor: “Avenida do Estado, 707”. Mas antes eu precisava passar na copiadora, tirar cópia da carta. Depois ia ao banco. (Sou velha. Ainda faço isso.) Não queria empacar na porta giratória nem ter de tirar a roupa lá. Então tive a ideia genial. Coloco tudo dentro do envelope da postagem, mesmo o cartão do banco. Lóóógico que você já sabe o que acontece no final (sou uma pessoa previsível). Eu também sabia. Mas, novamente, eu me superestimei. Adeus, cartão. Até agora fico imaginando o que os caras pensaram. Provocação? Suborno? Totalmente Maluca?

E então, amigos e amigas. Alguém aí já fez isso? Agora eu quero ver. Ando me superando.

Para os incrédulos, vai a foto da carta que chegou aqui em casa, 40 dias depois. Os caras são rapidinhos, hein?



sexta-feira, 29 de abril de 2016

Golpe de mestre



Estava eu absorta (falei bonito, hein?) aqui neste computador quando, de repente, toca o celular:
- Mãe, mãe (chorando desesperada), me roubaram tudo, tuuuudo!
Fiquei passada! Tremi de cima a baixo!
- Calma, Mari. Fica calma! Você está bem? Me conta como foi...
- Ai, mãeeee (chorando, chorando)... fala aqui com o cara...
Veio o tal do cara com uma voz estranha, balbuciou qualquer coisa que não entendi patavina e desligou.
Tremendo, eu fui tentar retornar a ligação e pá. Não dava. O número desconhecido ficou apagado, meio cinza.
“Claaaaro! É um bandido também! Levou minha filhota.
Meu Deus! Meu Deus! Eles pegaram minha filha. Que inocente, coitada! Foi emprestar justo o celular de um bandido da quadrilha. Que inocência! Que inocência!”
Rapidamente, guguei o fone da escola de fotografia onde ela estaria. Liguei imediatamente:
- Alô.
- Alô! Moça, pelamordedeus, vai lá fora que minha filha foi assaltada. Está com os bandidos aí na porta. Vai ver! Rápido!
(pausa para vergonha)
Então a coitada tentou dizer que a Mari estava na aula e eu:
- Não! Ela não tá na aula! Tá com os bandidos! Lá fora! Vai logo, moça! Por favor!
(vergonha dupla)
Depois de ligar para a escola, liguei para o marido para informar a calamidade. Ele disse: “Calma. Deve ser trote. Me passa o fone da escola...”
- Não foi trote! Não foi trote! Era ela! Era ela!
Dali a pouco toca o celular. Vejo na tela: “Mari”. A menina rindo.
- Que foi, mãe? Eu tô aqui na aula...
(pausa para um misto de alívio com a sensação de ser uma ameba).
Genteeee, todo mundo conhece este golpe! To-do mun-do co-nhe-ce! Eu também conheço este golpe! A Natália disse que ele foi inventado junto com o celular baby. Ahahahah!
Mas eu caí feito uma pata choca. Pata. Choca.
E o pior: ainda achei que a Mari é que tivesse sido a inocente, emprestando o celular do bandido da quadrilha...


sexta-feira, 1 de abril de 2016

Pontualidade



Então, gente. Talvez eu não esteja por aqui no ano que vem. Mil desculpas. É que fui convidada pela Sorbone e também Harvard para ministrar um curso especial. Trata-se de uma cadeira nova, novíssima. Vai chamar mais ou menos assim: “Pontualidade: como destrui-la.”
Na verdade será um desafio. É muito difícil ensinar a alguém como se atrasar. Isto é um talento, um dom. A gente já nasce com ele. Mas, depois de filosofar a respeito (além da prática constante, óbvio), bolei uma teoria. Acho que alunos esforçados conseguirão algum resultado. Adianto aqui algumas informações básicas para os caras pontuais.
Se você é um, não perca as esperanças. Vejamos:

1) Calcule suas tarefas (quanto mais, melhor), sem nunca considerar telefonemas, interfones, outros seres humanos que falam com você. Desconsidere também xixi, número 2, queda de internet etc etc

2) Imagine, sempre, que o percurso terá apenas semáforos verdes. Que não haverá aquela kombi enguiçada, um motorista que para na sua frente para perguntar onde fica a rua tal...
Caso ande de ônibus, pense que ele estará plantado no ponto, esperando por você.

3) Faça tudo que tiver que fazer antes de se arrumar e pegar os ítens necessários (que você imagina saber onde estão), para o compromisso. Atenção: deixe os últimos 10 minutos para isso. Ou pode arruinar o objetivo.

4) Dica importante: Fure a agenda e decida inserir um item inesperado: telefonema para um velho amigo, arrumação de gaveta (isto é ótimo!), compras de supermercado. Pense assim: “Ah, detesto tanto planejamento.”

5) Repita para você mesmo, em voz alta: nada começa na hora, nada começa na hora, nada começa na hora...

Bom, gente, não posso entregar de bandeja o curso inteiro aqui. É caro. Mas, se você treinar firme estas cinco lições, conseguirá algum avanço (atraso).
Boa sorte!

Boa sexta!