sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A moça da Vejinha



Às vezes consigo umas coisas que nem eu mesma acredito. Por exemplo, criar uma pauta e trazer a repórter da Vejinha (quando ainda tinha leitores), para fazer uma reportagem num restaurante que ninguém nem sabia que existia. Eu era a assessora de imprensa do dito cujo. Para quem não sabe, o assessor de imprensa ajuda você a aparecer na mídia sem pagar nada por isso. É dureza. Você precisa inventar assunto e encher a paciência de meio mundo. (Detesto!) O fato é que o restaurante “X” pretendia divulgar sua novidade: o jantar dançante. E eu entreguei de bandeja para a repórter todos os lugares da cidade de SP que tinham jantar dançante, assim saía uma matéria, incluindo a gente. Ela, por gratidão, aceitou vir ao nosso humilde restaurante de flat. Que pena. Isso eu pensei depois, claro. Na hora, achei que tivesse ganho na loteria! Mas Deus tem um senso de humor, viu? Fomos ao jantar dançante eu e meu marido (coitado), a repórter e o namorado (também coitados). Mesa para quatro. Dançando na pista, meu chefe com a esposa, mais dois gatos pingados. Realmente o verdadeiro “dois pra lá, dois pra cá”. Tudo do próprio staf, pra mostrar o “sucesso” do bagulho, fazer volume. Não fazia, devo dizer. Até aí, normal. Mas o problema foi a banda (falando em volume). Algum espírito de porco avisou que viria a reportagem da Vejinha. Pronto. Os caras tocavam e cantavam tão alto (e mal) pra serem “descobertos”, tão assustadoramente chatos e ruins, que não conseguimos trocar duas palavras além de “o som é um pouco alto, não?” “Quêêê?”.  Quanto mais a gente tentava ignorar os músicos, mais alto o som ficava! Então, veja só minha situação: eu, tentando fazer sinal para o meu chefe, lá na pista, disfarçadamente, porque ele não poderia ser meu chefe. Deveria ser alguém que adorava aquele lugarzinho desconhecido, com comida de bufê, com um som péssimo e ensurdecedor. Pior que isso, só se a repórter morresse de indigestão. Mas, tudo passa, não é? A moça foi boazinha e me ligou no dia seguinte pra dizer que não falaria nada da gente. Nem mal, nem bem, nem coisa nenhuma.
Os músicos, esses sim, bem que poderiam ter comido alguma coisinha vencida. Deus que me perdoe.

Boa sexta!

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