sexta-feira, 29 de abril de 2016

Golpe de mestre



Estava eu absorta (falei bonito, hein?) aqui neste computador quando, de repente, toca o celular:
- Mãe, mãe (chorando desesperada), me roubaram tudo, tuuuudo!
Fiquei passada! Tremi de cima a baixo!
- Calma, Mari. Fica calma! Você está bem? Me conta como foi...
- Ai, mãeeee (chorando, chorando)... fala aqui com o cara...
Veio o tal do cara com uma voz estranha, balbuciou qualquer coisa que não entendi patavina e desligou.
Tremendo, eu fui tentar retornar a ligação e pá. Não dava. O número desconhecido ficou apagado, meio cinza.
“Claaaaro! É um bandido também! Levou minha filhota.
Meu Deus! Meu Deus! Eles pegaram minha filha. Que inocente, coitada! Foi emprestar justo o celular de um bandido da quadrilha. Que inocência! Que inocência!”
Rapidamente, guguei o fone da escola de fotografia onde ela estaria. Liguei imediatamente:
- Alô.
- Alô! Moça, pelamordedeus, vai lá fora que minha filha foi assaltada. Está com os bandidos aí na porta. Vai ver! Rápido!
(pausa para vergonha)
Então a coitada tentou dizer que a Mari estava na aula e eu:
- Não! Ela não tá na aula! Tá com os bandidos! Lá fora! Vai logo, moça! Por favor!
(vergonha dupla)
Depois de ligar para a escola, liguei para o marido para informar a calamidade. Ele disse: “Calma. Deve ser trote. Me passa o fone da escola...”
- Não foi trote! Não foi trote! Era ela! Era ela!
Dali a pouco toca o celular. Vejo na tela: “Mari”. A menina rindo.
- Que foi, mãe? Eu tô aqui na aula...
(pausa para um misto de alívio com a sensação de ser uma ameba).
Genteeee, todo mundo conhece este golpe! To-do mun-do co-nhe-ce! Eu também conheço este golpe! A Natália disse que ele foi inventado junto com o celular baby. Ahahahah!
Mas eu caí feito uma pata choca. Pata. Choca.
E o pior: ainda achei que a Mari é que tivesse sido a inocente, emprestando o celular do bandido da quadrilha...


sexta-feira, 1 de abril de 2016

Pontualidade



Então, gente. Talvez eu não esteja por aqui no ano que vem. Mil desculpas. É que fui convidada pela Sorbone e também Harvard para ministrar um curso especial. Trata-se de uma cadeira nova, novíssima. Vai chamar mais ou menos assim: “Pontualidade: como destrui-la.”
Na verdade será um desafio. É muito difícil ensinar a alguém como se atrasar. Isto é um talento, um dom. A gente já nasce com ele. Mas, depois de filosofar a respeito (além da prática constante, óbvio), bolei uma teoria. Acho que alunos esforçados conseguirão algum resultado. Adianto aqui algumas informações básicas para os caras pontuais.
Se você é um, não perca as esperanças. Vejamos:

1) Calcule suas tarefas (quanto mais, melhor), sem nunca considerar telefonemas, interfones, outros seres humanos que falam com você. Desconsidere também xixi, número 2, queda de internet etc etc

2) Imagine, sempre, que o percurso terá apenas semáforos verdes. Que não haverá aquela kombi enguiçada, um motorista que para na sua frente para perguntar onde fica a rua tal...
Caso ande de ônibus, pense que ele estará plantado no ponto, esperando por você.

3) Faça tudo que tiver que fazer antes de se arrumar e pegar os ítens necessários (que você imagina saber onde estão), para o compromisso. Atenção: deixe os últimos 10 minutos para isso. Ou pode arruinar o objetivo.

4) Dica importante: Fure a agenda e decida inserir um item inesperado: telefonema para um velho amigo, arrumação de gaveta (isto é ótimo!), compras de supermercado. Pense assim: “Ah, detesto tanto planejamento.”

5) Repita para você mesmo, em voz alta: nada começa na hora, nada começa na hora, nada começa na hora...

Bom, gente, não posso entregar de bandeja o curso inteiro aqui. É caro. Mas, se você treinar firme estas cinco lições, conseguirá algum avanço (atraso).
Boa sorte!

Boa sexta!