Então,
gente. Talvez eu não esteja por aqui no ano que vem. Mil desculpas. É que fui
convidada pela Sorbone e também Harvard para ministrar um curso especial.
Trata-se de uma cadeira nova, novíssima. Vai chamar mais ou menos assim:
“Pontualidade: como destrui-la.”
Na
verdade será um desafio. É muito difícil ensinar a alguém como se atrasar. Isto
é um talento, um dom. A gente já nasce com ele. Mas, depois de filosofar a
respeito (além da prática constante, óbvio), bolei uma teoria. Acho que alunos
esforçados conseguirão algum resultado. Adianto aqui algumas informações
básicas para os caras pontuais.
Se
você é um, não perca as esperanças. Vejamos:
1)
Calcule suas tarefas (quanto mais, melhor), sem nunca considerar telefonemas,
interfones, outros seres humanos que falam com você. Desconsidere também xixi,
número 2, queda de internet etc etc
2)
Imagine, sempre, que o percurso terá apenas semáforos verdes. Que não haverá
aquela kombi enguiçada, um motorista que para na sua frente para perguntar onde
fica a rua tal...
Caso
ande de ônibus, pense que ele estará plantado no ponto, esperando por você.
3)
Faça tudo que tiver que fazer antes de se arrumar e pegar os ítens necessários
(que você imagina saber onde estão), para o compromisso. Atenção: deixe os
últimos 10 minutos para isso. Ou pode arruinar o objetivo.
4)
Dica importante: Fure a agenda e decida inserir um item inesperado: telefonema
para um velho amigo, arrumação de gaveta (isto é ótimo!), compras de
supermercado. Pense assim: “Ah, detesto tanto planejamento.”
5)
Repita para você mesmo, em voz alta: nada começa na hora, nada começa na hora,
nada começa na hora...
Bom,
gente, não posso entregar de bandeja o curso inteiro aqui. É caro. Mas, se você
treinar firme estas cinco lições, conseguirá algum avanço (atraso).
Boa
sorte!
Boa
sexta!
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