sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Trocando a fita da máquina


Às vezes a gente pensa que serve pra fazer uma coisa só porque tem muitos parentes bons nisso. Isso aconteceu comigo. Eu era inocente e não me conhecia direito. Hoje dou risada só de pensar, só de escrever isso e relembrar a excelente ideia. Mas foi sacanagem da família não dar um toque. (Valeu, gente.) Pois eu tentei ser secretária. Minha mãe era, minhas duas irmãs eram. Fiz o tal curso e arrumei um estágio num escritório de engenharia. O chefe, aliás, me escolheu em vez da melhor aluna da classe, que também apareceu na entrevista. Tonto. Eu fui toda arrumadinha e a outra era dentuça. Azar do cara, que levou gato por lebre. Meu também, que tive dez dias de cão. De secretária.
Talvez eu precise escrever vários textos sobre esta rica experiência, mas começo com este episódio épico. Certo dia, a fita da máquina elétrica acabou. Até que eu digitava bem, mas toda hora precisava interromper o chefe pra perguntar o que estava escrito aqui e ali, antes de datilografar. Ele tinha um garrancho horroroso. Não dava nem pra chutar os termos totalmente “x” dos orçamentos, como “cotovelo” e coisas do tipo. O chefe tinha um cabelo ensebado, uma cara de poucos amigos, mas tudo bem. Então a fita da máquina acabou. Era elétrica. Pena que eu só sabia como trocar fita de máquina antiga (!). Como as que tinha no meu curso, onde batia com força o tal do asdfg. Bom, então lá fui eu, sozinha na sala, com toda boa vontade. Tirei a fita velha, mas na hora de colocar a nova, um parto: tentei assim, assado, aqui, ali... mas não encaixava. Aí pressionei um pouco demais e... zupt! A fita, toda compacta, se soltou todinha, como uma serpentina feita de plástico.  Como aquelas molas que saem quando você abre uma caixinha-surpresa. Meio desesperada, fui tentando enrolar a tal da fita de novo. Óbvio que não dava. Estava eu lá envolta em fita marrom. E o serviço era urgente, pra piorar a situação. Nisso, uma sombra surge atrás de mim. Era meu chefe, o ensebado. Olhou, virou e saiu da sala. Silêncio total. E eu lá, coberta de fita, pavor... e vontade de rir.
Mesmo depois disso, ainda durei alguns dias no emprego, sabe-se lá por quê. E me pergunto: esse cara não tinha senso de humor? E onde andará a dentuça?

Boa sexta!

3 comentários:

  1. Também fiquei curioso? Por onde andará a dentuça? heheheheh!

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    1. Provavelmente uma alta executiva! E eu aqui, escrevendo, escrevendo. rsrs

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  2. Pode até ser, mas quem será que é mais feliz?

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